quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Há algum tempo eu vivo só de lembranças. Nossas lembranças, que nunca tivemos, como se tudo não tivesse passado de um amor platônico. Algo completamente impossivel de acontecer. Tive essa certeza depois de ler e reler os históricos das nossas conversas, depois de ver que tudo foi uma farça das melhores, como um vinho de 45 anos, concentrado e forte o suficiente para deixar qualquer um fora de si.

Pois é, amor. Você foi o meu vinho, a minha droga. Eu também tenho culpa nisso, uma boa parte, me deixei levar pela embalagem bonita, escura, que envolvia e escondia o que um dia se tornaria a minha desgraça, não quis lhe poupar, fui egoísta. Em pouco tempo usufruí daquele líquido cor de sangue, da mesma cor do que derramei por ti em forma de lágrimas. Tomei tudo, e, agora nada resta além da garrafa vazia esposta ao sol, no meu quintal, não tive coragem de te jogar fora, meu caro.

Fostes para mim, no começo apenas mais uma bebida barata, que depois passou para uma de valor inestimável. Quando o vinho acabou pude perceber que eu precisava mais dele do que pensava, eu queria viver daquele jeito, mesmo que fosse uma fantasia. Outras pessoas agora tomam do mesmo vinho, mas duvido que ele ainda tenha os mesmos efeitos.

Até as nossas musicas continuam no mesmo lugar, talvez eu consiga outra garrafa, e, talvez a gente possa dançar outra vez à luz da lua cheia, sem hora pra voltar, sem hora pra ir embora. O que importa é que eu fui feliz, e espero muito poder ter nas mãos pelo menos uma taça daquele vinho, que um dia foi você, amor.

                                                                                                                              R.

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