terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Nunca fui boa o suficiente com as palavras, e isso me levou a guardá-las pra mim na maioria das vezes. Não faz bem, eu sei. Mas é essa a minha maneira de poupar sofrimento, estou evitando qualquer tipo de diálogo que necessite de palavras, ultimamente ando dando preferência aos sorrisos, olhares, abraços, gestos de carinho e qualquer atitude que transpareça sinceridade. Evito longas conversas e qualquer comentário sobre minha situação emocional, me esquivo de promessas ou juras como se estivesse constantemente num campo minado, gosto de tranquilidade e olhos que não mentem.
                                                                                                              - Ruhama Araújo

domingo, 15 de janeiro de 2012


Quando chega uma certa idade a gente tem que aprender a dizer adeus, e é mais ou menos nessa mesma época que a vida começa a cobrar atitudes maduras. Crescer é dificil, dói, maltrata...Mas com o tempo vem a experiência e a gente descobre que muitos dos motivos que nos levam a ter medo de crescer eram apenas mitos e a partir daí tudo muda.
Começamos a deixar pra trás tudo o que queríamos e até mais que isso. Viaja pra longe, começa uma vida nova, conhece pessoas novas, se apaixona e depois volta, se apaixona de novo por alguém que até aquele momento fazia parte de um passado, cheio de momentos bons, mas mesmo assim passado.
E tudo volta a acontecer, se acostuma de novo, se apega mais ainda e de repente lembra que tem que ir embora. Como faz pro cérebro acostumar com tudo isso? Como explicar pra si mesmo que foi por pouco tempo e que vai acabar de novo? É exatamente isso que a gente passa a vida toda questionando.
                                                                                                                                                       - Ruhama Araújo

Me desprendi de todos os sentimentos que jurei serem eternos, eu já não sinto nem o cheiro nem o sabor das coisas como antes, viajei por um longo tempo sem sair do lugar, procurei explicações nos rótulos das bebidas, estive fora, longe, invisível e de volta agora. Estou tão perto, perto até demais, congelei sensações, momentos, pessoas e algumas atitudes, viajei de novo, voltei e não te encontrei mais, talvez você já não estivesse aqui quando fui embora, talvez a minha partida tenha te feito ir também. 
                                                                                                                    - Ruhama Araújo 

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Já ouvi muitas comparações do amor, algumas estranhas, outras engraçadas e outras que eram paradóxos. Mas pra mim é bem simples; o amor é como um cigarro, a primeira vez é estranha, estamos cheios de dúvidas do que é certo e o que é errado, mas mesmo assim tentamos. Então você inala a fumaça e ela fica impregnada nos pulmões, e a cada tentativa você vai querendo mais e mais, como um vício. Até que essa substância tenha se tornado parte do seu organismo, pra sempre. Assim como a fumaça do cigarro, o amor vai sendo acumulado no peito. Depois disso, cabe à cada um decidir se vale ou não à pena morrer por isso, é opcional.
              
                                                                                    @ruharaujo

terça-feira, 24 de maio de 2011



Aquele tempo era bom e eu não sabia. Sabe, eu sinto muita, muita saudade de tudo aquilo, dos afagos, das conversas, das broncas e briguinhas tolas, sinto falta de te ter perto de mim me irritando, sinto falta do teu apoio e da tua calma ao falar comigo. Sinto até falta dos beliscões. Sinto falta do teu cheiro, e você não sabe, nem faz ideia do quanto eu sou feliz por te ter comigo, és o exemplo que eu quero pra mim. E eu quero te ver logo, quando você volta? Por favor, não demore muito, eu preciso de ti.  És o meu maior orgulho e um dia serei o seu também! Te amo muito

sexta-feira, 8 de abril de 2011

É estranho a forma e ritmo que as coisas evoluem, literalmente fora de controle, sem limites. A imaginação fica solta, o coração vai a mil, os sentidos se misturam e horas passam em frações de segundo. É muita pele, muito cheiro, muito toque... É físico, mas ao mesmo tempo psicológico. É doce, é alegre, é frio e quente; é doloroso, prazeroso e saboroso. Tem gosto de fruta fresca e chocolate, de vento e de chuva.  Sabe o cheiro de um dia de sol? Então, é bem mais que isso; são sussurros, carícias. É mágico, irreal e aterrorizante; é efusivo.  São palavras soltas, muitas vezes sem significado, mas que são bem mais fortes que qualquer outra coisa. Quem já se sentiu assim sabe perfeitamente do que estou falando. 

sábado, 2 de abril de 2011

Aparentava ter seis, sete anos ou até mesmo menos. Sua aparência não importa muito, ela cresceu.  Não passava do meio-dia quando a vi saindo da escola sozinha e aos prantos. É difícil ver uma criança chorando e não poder dar-lhe colo, e como se lesse meus pensamentos ela veio em minha direção, sentou ao meu lado e ficou cabisbaixa; ela soluçava baixo, sem querer incomodar-me mas ao mesmo tempo tentando chamar minha atenção. Quase como um sussurro perguntei-lhe o motivo de tanto choro, então, com os olhos afogados em lágrimas que tranbordavam dos olhinhos claros contou-me que um garoto idiota da escola lhe disse que ela seria sozinha, que não teria ninguém só por ter os pais separados.
 Mas é incrível como as pessoas – mesmo sendo crianças – entendem certas coisas que muitos adultos não entenderiam...
Permaneci em silêncio e ela falou novamente, quase sem chorar se o que o menino havia dito era verdade, se ela ia mesmo ter que pagar por um erro dos pais.
Claro que não! Pessoas assim se fodem com suas próprias palavas  - Essa seria a minha resposta se ela não fosse tão jovem. Mas comportei-me, polidamente afaguei seus cabelos e falei com a doçura de uma mãe que ele não sabia o que estava dizendo e completei a resposta afirmando que os garotos não sabem de nada, ela riu e concordou fazendo um movimento breve com a cabeça.
Depois de um certo tempo tornei-me amiga de sua mãe, passei a visitar sua casa e praticamente a vi crescer. Ela se desenvolveu, deu seu primeiro beijo, teve seu primeiro namorado, ficou bêbada. Entre nós não havia segredos. Mesmo muitos anos depois ainda conversávamos sobre aquele garoto da escola, mas ela nunca me disse o nome dele, nem onde morava.
A última vez que tivemos noticias ele estava em uma casa de apoio para menores infratores, seu pai era alcóolatra, chegou bêbado em casa, matou a esposa e suicidou-se depois, deixando apenas o filho, que já era adolescente largado no chão, chorando sobre o cadáver da mãe.
É, realmente as pessoas se fodem com suas próprias palavras.