domingo, 30 de janeiro de 2011

A pior mentira da minha vida seria dizer que não sinto saudades, que não quero mais te ver, que não gosto de você. Seria torturante, estaria sendo auto-negligente se tentasse recomeçar sem dizer isso olhando nos teus olhos, se te desse as costas sem que você pudesse fazer alguma coisa. Estive voltando a ter recaídas esses dias, sem deixar transparecer sofri em silêncio, o mais isolada possível, depois de todos esses meses eu quis o teu abraço, a tua atenção.

 Sofri e você nem soube, tive ataques de raiva, mas era apenas uma máscara, chorei por essa outra face, quis fugir ao teu encontro com um nó na garganta e os olhos se afogando em lágrimas, porque só você sabe o que fazer pra tudo isso acabar, porque só um sinal da tua presença faz a máscara cair levando consigo as lágrimas e deixando o sorriso.

                                                         R.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Mesmo que eu queira acreditar não poderia, o tempo passa, as feridas se fecham e outras se abrem, vem a experiência, a convivência e o desejo de fazer diferente. Os dias passam e a vontade de fazer tudo acontecer de novo vem à tona, mesmo que seja doloroso, impiedoso, cruel e tudo o mais. Mesmo que faça chorar, desistir, recomeçar.


A verdade é que a vida ensina, mas a gente nunca aprende e vai tentando, tentando, quebrando a cara por pura inocência ao pensar que dessa vez vai ser diferente e dará certo, e no final acabamos com um pote de sorvete em frente da televisão, ou ouvindo aquelas musicas que nos fazem lembrar do que achamos que queremos esquecer. E tudo acontece de novo, num ciclo.


 E de tanto a gente temer acaba acontecendo. Vivemos à mercer de outra pessoa, esperando um suspiro alheio para que os nossos pulmões possam funcionar, esperando que outra pessoa fique feliz para podermos sorrir, esperando que outra pessoa ame para podermos viver. Acordamos cada manhã com o pensamento em uma outra pessoa, nos envenenando com o nosso próprio altruísmo, deixando de viver por nós mesmos, viver esperando que outra pessoa viva, até que chegue o momento de outra pessoa viver para nós. 


Em cada fase um alguém, em cada alguém uma esperança natimorta e em cada esperança a certeza que isso não se repetirá, a cada lágrima um pouco de ódio que se esvanece com apenas a teoria de que nada do que aconteceu é verdade e a ilusão de que a dor não existe, que é opcional, mas não é verdade. Ela está ali, esperando, procurando e fazendo planos para uma outra vítima.


                                                               R.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Quero que me conte o seu segredo e que minta para mim, quero que me leve e que me deixe, quero que me ame e que me odeie, quero que leve uma foto minha e que queime todas as nossas lembranças, quero que me dê flores e também me dê as costas, quero que leve meu café na cama e que me mande ir embora. Quero tudo aquilo que puder ter ou tudo que mereço.


Quero lágrimas e sorrisos, dores e curas, beijos e abraços, quero um "oi", mas nunca um "Adeus", quero o hoje e o amanhã, quero o ontem, quero a vida e a morte, o amor e o ódio, quero dançar nas nuvens e também na beira de um abismo, quero que me poupe de todo um sofrimento ou não, quero fogo e gelo, quero que me mate e que me faça viver, quero que me dê e que me negue, quero que segure a minha mão e que me deixe cair. Quero o lado que eu enchergo e o que você realmente é.

                                                                                   R.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Foi como um balde de água fria. Inevitavelmente previsto, cada palavra, cada movimento e cada expressão, em relação a você estou sempre um passo à frente e alguns segundos mais adiantada. Não é preciso gastar tempo com explicações, motivos e razões, simplesmente não acredito mais em nada, tudo isso é pirataria, não é mais aquele clichê bonitinho de antes, agora é só sem graça.


Digamos que mudei do clássico para o personalizado. desisti dos amigos verdadeiros que não existem, dos momentos perfeitamente forjados e dos amores de uma vida que duram duas semanas. Desisti do que me fazia bem, mas que me fazia mais mal sem que eu percebesse, ou até mesmo por medo de não conseguir viver sem aquilo. 


Agora eu vivo um pouco melhor sem isso, sem essa incerteza complexa, está bom dessa forma. Mas se eu pudesse voltar no tempo faria tudo de novo, mesmo com tanto sofrimento e tantas outras lágrimas que poderiam ter sido poupadas.

                                                                                    R.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Deitei tentando dormir esperando conseguir, mas quanto mais eu fechava os olhos mais queria que você estivesse comigo, me protegendo do escuro, quanto mais me agarrava ao travesseiro esperava me enlaçar nos teus braços, mas a única coisa que encontrei foi o vazio. Permaneci assim por algum tempo, abraçei a minha pelúcia e fiquei olhando para o nada no meio da madrugada, no escuro que tanto me amedronta.


Até que desisti de tentar dormir e me entreguei àquilo, me deixei levar pelos meus medos e chorei baixinho, quase sussurrando para não acordar ninguém, pensei em te ligar, eu realmente quis, mas não pude.Estremeci de frio como se o sangue ouvesse parado de correr, congelado dentro de mim e mesmo assim o meu coração batia desesperadamente, ao mesmo tempo fiquei sem ar, há muito tempo pensar em você não me deixava assim. 


Com os fones no ouvido escutei todas aquelas músicas que me faziam lembrar de você, fui na cozinha e tomei um copo d'água, sentei no chão e pude sentir que você estava ao meu lado em silêncio esperando que eu falasse alguma coisa, bem que tentei mas meus pulmões não reagiram e percebi que a sua lembrança ainda me fazia perder o ar e o controle das minhas emoções, o que me fez sorrir no meio da madrugada para um alguém imaginário que também sorria pra mim.


Levantei e abri uma janela para observar o céu e ele estava lindo, a lua ainda estava cheia mesmo estando no meio dele. As estrelas brilhavam como nunca. Esperei amanhecer para ter certeza de que tudo isso havia acontecido. No fim, mesmo depois de muito tempo você ainda me faz perder o sono.

                                                                                                                         R.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Então vi aqueles grandes olhos castanhos por trás de uma armação grossa e cor de lôdo me observando pelo retrovisor enquanto eu deslizava pelos lábios um batom vermelho vivo dando um pouco de alegria ao meu rosto pálido, depois de alguns segundos fiquei imóvel retribuindo o olhar através do espelho até que ele se desviasse de mim e desse atenção apenas para a estrada.


Retoquei mais uma vez o batom e o vi sorrindo com olhos de um louco sedento enquanto eu acendia um cigarro e marcava-o quando pressionava dentre os lábios, deixando uma marca cor de sangue. Desci do carro e fui embora levando o mesmo batom e o mesmo olhar de um outro cara, mais um cara.


E eu andei sozinha, procurando o meu caminho e um alguém que não me olhasse daquele jeito, que me visse de dentro pra fora, alguém que vê a minha alma ao envés do meu rosto. Procurando conteúdo sem embalagens, procurando olhos saciados.
                                                                     
                                                                                                                           R.

sábado, 1 de janeiro de 2011

31 de dezembro, meia noite e começaram os fogos no céu. Fiquei imóvel, com os saltos enterrados na areia, olhando para cima e contemplando todas aquelas cores explodirem sobre a minha cabeça. Foi lindo. A cidade quase toda estava lá, mas a minha visão era focada apenas para o céu. Eu estava sozinha com o lago e todos aqueles fogos. Me senti tão sozinha, tão distante das outras pessoas durante quinze minutos, e gostei muito disso, foi a primeira vez que não precisei ter alguém ao meu lado me chamando de amor e desejando feliz ano novo no meu ouvido e segurando a minha mão. Acredite, eu passaria toda a eternidade olhando aquilo. Chega a ser até magico se for visto de outra perspectiva, com a alegria de uma criança sorri por estar ali, por dar o primeiro passo para mais uma década.
É 2011 e só tenho o melhor a desejar para todos e para mim também. Feliz Ano Novo!