quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Está tudo como eu gosto. De pernas para o ar. A porta está fechada, e há 2 dias eu estou trancada no banheiro, não quero que ninguém veja o que me tornei. Há vodka e cigarros espalhados pelo chão, maquiagem na parede, como se fosse uma tela pintada à óleo. Estou fraca, fraca para levantar, caminhar e segur em frente, não sou capaz de tentar esquecer ou simplesmente ignorar o que vivemos até agora, sinto muito pelo que aconteceu, não foi minha culpa se você não sabe dar valor ao que tem, e eu realmente não aguentava mais sofrer por alguém que sequer me respeitava.

 Apezar de tudo isso, o meu sentimento ainda é o mesmo, continua intacto, guardado, protegido. E continuará por muito tempo, agora sei que me sinto melhor assim, sozinha. Não guardo mágoa daquilo que vi, embora tivesse me magoado muito, nunca me passou pela cabeça que você fosse tão egoísta a ponto de não ter pensado em mim quando me deu as costas e abraçou alguém que só vai te usar, como você me usou. Imaginei que os mesmos lábios que me falaram coisas lindas nunca fosse capaz de dizer tudo aquilo que eu ouvi.

Estou abalada, mas ciente de que tudo que fiz nesses últimos dias foi loucura. Que não se compara ao fato de ter acreditado em todas as promessas e tentar realizar os nossos sonhos. Foi loucura deixar de viver para te dar a minha vida, enquanto você a jogava fora junto com as tantas vezes que te falei dos meus sentimentos. Há muito de você em mim ainda, tanto de você quanto da vodka. A única diferença é que eu quero mais vodka.

                                                                          R.

domingo, 24 de outubro de 2010

Eu sempre estive rodeada, mesmo estando sozinha, e isso me incomodava às vezes. Eu queria sair sozinha, conversar comigo mesma, chorar, lembrar, sorrir, levantar e ir embora. Senti que precisava me afastar de tudo e de todos, do mundo, ir para outro planeta, me refugiar no mais fundo abismo que houvesse dentro de mim, longe das risadas falsas, do barulho dos carros e até do som do vento.

Queria fechar os olhos para o azul do céu, e até para o prata da lua, porque tudo isso acabaria me afastando do meu objetivo naquele momento. Tudo o que eu mais queria era esquecer todo mundo por algum tempo, que seja suficiente para que eu seja minha e de mais ninguém, esquecer o meu autruísmo é fundamental, mas também impossível, sempre pensei e fiz o que fosse importante para os outros, sem parar e pensar em mim, sem me colocar como prioridade na minha vida. Mergulharei no meu inconsciente, sei que lá irei permanecer sozinha como sempre quis. Intacta por toda a eternidade.

                                                                                                                   R.
Já reli as cartas. Revi as fotos. Revivi os momentos. E sei que todos eles farão parte dos melhores momentos da minha vida, e, concerteza serão contados para os meus filhos e netos. Sinto falta daquele tempo, não minto. Mas foram unicos e ninguém conseguirá fazê-los acontecer novamente. As intermináveis tardes, noites e madrugadas mais alegres e cheias de álcool da minha vida.

Vi o tempo correr diante dos meus olhos, ontem eu tinha 5 anos e tirava foto abraçada com o meu irmão, hoje, a gente mal se fala, ontem eu era a menininha da familia, toda atenção era voltada para mim, que um dia seria a mais nova mulher da familia, e hoje eu vejo que não, tenho uma irmã mais nova. Isso é engraçado, pessoas que me viram crescer hoje reclamam que estão ficando velhas, como se eu também não estivesse.

Quanto mais tempo de vida, mais coisas eu terei para guardar como recordação, terei fotos para o meu album da capa preta, e, terei também o orgulho de sorrir e dizer com todas as letras que eu vivi intensamente. Ainda tenho muito o que viver, eu sei. Mas quero poder tê-los do meu lado quando isso acontecer, não falta muito para que possamos relembrar os velhos tempos.

 As mesmas pessoas, as mesmas manias, as mesmas brincadeiras, tudo isso e muito mais com o mesmo sorriso de criança e mais maturidade, a mesma lua, o mesmo banco da praça e a mesma saudade de tudo isso que ficou em mim. Se querem saber, eu sou a mesma garota de algum tempo atrás, o que mudou foram as pessoas que convivo hoje, mas eu voltarei e vai ser como se eu nunca tivesse ido embora. Pois sem vocês eu não existo ♪

                                                                                                                       R.

sábado, 9 de outubro de 2010

Não sei o que faço nesse mundo, não sei quem sou eu e nem do que sou capaz, acima de tudo sou humana, tenho o direito de errar, quebrar a cara, aprender e seguir em frente, não acho que me encaixo em algum grupo ou tribo, sou imprevisivel para mim mesma, sou indiferente as vezes, mas isso não é motivo para que me chamem de fria, a frieza não tem nada haver comigo, sou tão sensível como um bebê, que precisa de tudo e de todos, ainda não estou pronta para enfrentar o mundo lá fora, embora acho que esteja, não gosto das mesmas coisas sempre, mas isso não quer dizer que a minha opinião possa mudar, a cada dia que amanhece eu enchergo tudo com uma nova perspectiva, analizando os pontos positivos e negativos, tenho preconceito; não minto, mas isso não quer dizer que eu não tenha respeito, sou chata, incompreensiva, grudenta, mal educada.

Porém sou meiga, atenciosa, isso vai depender de como você me vê ou me trata. Sou ciumenta, mas não sou dona de ninguém, gosto de plantas, animais, mas não significa que eu prefira morar em um lugar que só tenha isso. Não tenho frescura com comida, mas há algumas coisas que não coloco no meu prato. Sou como todo mundo, mas tenho sonhos contrários, jogo de acordo com o jogo, mas faço as minhas próprias regras.

 Me deixo levar pelos outros, mas não me chamo Maria-vai-com-as-outras. Gosto de todo mundo, mas não quero todos comigo, sou o contrário de mim mesma. Não me importo de me doar para as pessoas que precisam, mas isso não quer dizer que eu pertenço a elas. Não me vejo em um espelho, ali não há nada além de alguém vazio que me olha nos olhos, um estranho. A essência está dentro de mim, há muitas outras com os olhos e o sorriso iguais aos meus, mas duvido que elas vejam o mundo à minha maneira e também não conseguem sorrir com a minha delicadeza.

O simples fato de conhecer as pessoas não significa que elas sserão previsíveis. Tudo isso pode mudar amanhã quando eu acordar, sou uma a cada dia que amanhece, não pense que vai encontrar hoje aquela que você viu ontem, concerteza alguma coisa mudou, tenho dúvidas em relação à muitas coisas, pessoas e à mim mesma. Sou indecisa, o que lhe deixa à vontade para me fazer ver o seu ponto de vista, não que eu vá seguir, mas não custa nada ouvir, não é ? 

Tenho as minhas amarguras, os meus segredos, mas mesmo assim sou totalmente transparente, até mais do que eu queria ser, mais um defeito para a minha coleção. Me poupe de comentários retrógrados, ou faça-os, eu posso achá-los engraçados. Gosto das mesmas musicas que outras pessoas, mas não sou igual a elas. Nunca espere uma vingança minha, não cabe à mim fazê-la. As minhas roupas não definem o meu caráter, minhas qualidades e defeitos. Deixo-lhes a minha característica mais marcante. O sarcasmo.

                                                                                                                        R.

domingo, 3 de outubro de 2010

Me perco na letra da música que ouço agora, está tudo tão calmo, eu estou tão calma. Me sinto bem comigo mesma, sinto o sangue quente correr loucamente pelas minhas veias, procurando as minhas artérias. Sinto o perfume das plantas do jardim. É tudo tão puro, nem parece que eu moro em um planeta com tantas crises ambientais, acho que elas ainda não são fortes o suficiente para afetar o que está ao meu redor, estou em êxtase, como há muito não ficava, estou em plena sintonia com o meu corpo e a minha mente, não há nada que tire a minha concentração, observo a minha frente um espaço vazio, um nada, mas que pra mim é muita coisa, eu vejo utilidade ali, mas isso não importa agora, o que importa é que lá fora tem um sol brilhante que me chama, tem a brisa que traz para mim o cheiro do mar.

Nada mais tem valor, os bens materias já não me atraem, quero sair, aproveitar o dia lindo que me espera lá fora antes que esse efeito passe e eu volte a ser aquela garota amarga, fria, oportunista, falsa que está guardada agora, a garota que, em boa parte do tempo se entrega às futilidades sem pensar em nada, sem medir esforços e consequências. A euforia toma conta do meu corpo! E eu vou aproveitar, logo, antes que isso passe e a outra volte.

                                                                                                                                R.
Hoje me deu uma agonia, voltei a me sentir sozinha em meio a uma multidão, mas nada de lágrimas, não tenho mais motivos para chorar, ou talvez tenha, eu não sei muito bem. Preciso pensar, refletir sobre o que eu realmente preciso, ou mesmo sobre as coisas futeis das quais eu usufruí durante muito tempo e que, só hoje percebi o quão idiota eu fui de pensar que isso me faria feliz.

 Pelo contrário, me fez sentir pior a cada dia que passava. O que eu realmente preciso não é apenas de presentes, bens materiais; preciso das pessoas que deram ultilidade a tudo isso. Não há nada mais certo que aquele ditado: "É perdendo que se aprende a dar valor". Eu deixei que esses pássaros voassem, ou melhor; eu voei deles, sem pensar que hoje estaria me sentindo como um cão em meio aos gatos.

Não tem sentido, eu preciso voltar e dizer adeus, só não sei se vou conseguir destruir essa fachada que coloquei com as minhas próprias mãos cada tijolo, e, cada vez mais eu a reforço, me tornando mais fria e insensível a cada dia que passa. Sei que daqui a algum tempo essa fachada será definitiva, não vou poder chutar a parede e ver tudo desabar sobre os meus olhos enquanto deles desabam as lágrimas acumuladas com o tempo, essa parede vai aumentando até que tome conta de mim e me torne tão insensível como uma estátua, com muitas artérias ligada a um músculo frio e vermelho que bombeia o sangue; o coração, que simbolicamente levava uma parte de cada pessoa que tocou a estátua ou que fez parte da sua história, estátua que aguentou ventos e tempestades, que viu pessoas tristes e felizes, hoje a estátua está quebrada, e no seu lugar há alguém que se resume em uma palavra, um sentimento. Saudade.

                                                                                R.