quarta-feira, 20 de julho de 2011

Já ouvi muitas comparações do amor, algumas estranhas, outras engraçadas e outras que eram paradóxos. Mas pra mim é bem simples; o amor é como um cigarro, a primeira vez é estranha, estamos cheios de dúvidas do que é certo e o que é errado, mas mesmo assim tentamos. Então você inala a fumaça e ela fica impregnada nos pulmões, e a cada tentativa você vai querendo mais e mais, como um vício. Até que essa substância tenha se tornado parte do seu organismo, pra sempre. Assim como a fumaça do cigarro, o amor vai sendo acumulado no peito. Depois disso, cabe à cada um decidir se vale ou não à pena morrer por isso, é opcional.
              
                                                                                    @ruharaujo

terça-feira, 24 de maio de 2011



Aquele tempo era bom e eu não sabia. Sabe, eu sinto muita, muita saudade de tudo aquilo, dos afagos, das conversas, das broncas e briguinhas tolas, sinto falta de te ter perto de mim me irritando, sinto falta do teu apoio e da tua calma ao falar comigo. Sinto até falta dos beliscões. Sinto falta do teu cheiro, e você não sabe, nem faz ideia do quanto eu sou feliz por te ter comigo, és o exemplo que eu quero pra mim. E eu quero te ver logo, quando você volta? Por favor, não demore muito, eu preciso de ti.  És o meu maior orgulho e um dia serei o seu também! Te amo muito

sexta-feira, 8 de abril de 2011

É estranho a forma e ritmo que as coisas evoluem, literalmente fora de controle, sem limites. A imaginação fica solta, o coração vai a mil, os sentidos se misturam e horas passam em frações de segundo. É muita pele, muito cheiro, muito toque... É físico, mas ao mesmo tempo psicológico. É doce, é alegre, é frio e quente; é doloroso, prazeroso e saboroso. Tem gosto de fruta fresca e chocolate, de vento e de chuva.  Sabe o cheiro de um dia de sol? Então, é bem mais que isso; são sussurros, carícias. É mágico, irreal e aterrorizante; é efusivo.  São palavras soltas, muitas vezes sem significado, mas que são bem mais fortes que qualquer outra coisa. Quem já se sentiu assim sabe perfeitamente do que estou falando. 

sábado, 2 de abril de 2011

Aparentava ter seis, sete anos ou até mesmo menos. Sua aparência não importa muito, ela cresceu.  Não passava do meio-dia quando a vi saindo da escola sozinha e aos prantos. É difícil ver uma criança chorando e não poder dar-lhe colo, e como se lesse meus pensamentos ela veio em minha direção, sentou ao meu lado e ficou cabisbaixa; ela soluçava baixo, sem querer incomodar-me mas ao mesmo tempo tentando chamar minha atenção. Quase como um sussurro perguntei-lhe o motivo de tanto choro, então, com os olhos afogados em lágrimas que tranbordavam dos olhinhos claros contou-me que um garoto idiota da escola lhe disse que ela seria sozinha, que não teria ninguém só por ter os pais separados.
 Mas é incrível como as pessoas – mesmo sendo crianças – entendem certas coisas que muitos adultos não entenderiam...
Permaneci em silêncio e ela falou novamente, quase sem chorar se o que o menino havia dito era verdade, se ela ia mesmo ter que pagar por um erro dos pais.
Claro que não! Pessoas assim se fodem com suas próprias palavas  - Essa seria a minha resposta se ela não fosse tão jovem. Mas comportei-me, polidamente afaguei seus cabelos e falei com a doçura de uma mãe que ele não sabia o que estava dizendo e completei a resposta afirmando que os garotos não sabem de nada, ela riu e concordou fazendo um movimento breve com a cabeça.
Depois de um certo tempo tornei-me amiga de sua mãe, passei a visitar sua casa e praticamente a vi crescer. Ela se desenvolveu, deu seu primeiro beijo, teve seu primeiro namorado, ficou bêbada. Entre nós não havia segredos. Mesmo muitos anos depois ainda conversávamos sobre aquele garoto da escola, mas ela nunca me disse o nome dele, nem onde morava.
A última vez que tivemos noticias ele estava em uma casa de apoio para menores infratores, seu pai era alcóolatra, chegou bêbado em casa, matou a esposa e suicidou-se depois, deixando apenas o filho, que já era adolescente largado no chão, chorando sobre o cadáver da mãe.
É, realmente as pessoas se fodem com suas próprias palavras.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Acordei depois das onze, é sabado.
O sol se esconde por trás de pesadas nuvens azuis que ameaçavam deixar cair um temporal sem fim.
Passei pela mesa da sala de jantar, estava posta, a comida estava sobre o fogão mas eu não quis comer, andei em direção da sala, peguei um cigarro e um isqueiro, acendi-o.  Olhei em volta mas nada parecia ter muito sentido, imaginei-nos brincando, correndo, se abraçando a alguns passosde onde eu estava.
Caminhei para trás e a cena foi se desfazendo diante dos meus olhos até não existir mais nada. Virei de costas, olhei para baixo por um segundo e sorri. Nesse instante um vento frio soprou na minha nuca, eriçando os cabelos e deixando ao meu redor o cheiro da chuva que vinha de longe, fechei os olhos e inalei grosseiramente aquele aroma que te trazia para perto de mim, joguei o cigarro fora.
O frio invadia toda a casa, entrando pelas janelas e portas abertas, o que me fez voltar à cozinha. Tirei de dentro de um armário uma taça e uma garrafa pequena de um dos vinhos que comprei em uma das minhas viagens. Abri a garrafa e derramei um pouco de seu líquido na taça, depois do primeiro gole a chuva começou a cair, refiz meu percurso em direção da sala de estar, observei minuciosamente cada detalhe e continuei a caminhar lentamente dentro de casa. Passo após passo, sem pressa.
Finalmente cheguei à porta da entrada, recostei-me na parte externa, onde o vidro estava completamente molhada. Naquele segundo pensei no que você estava fazendo. Eu te queria comigo, dividindo o vinho e a chuva. Olhei para o céu que chorava e acompanhei-o deixando cair pelo meu rosto uma lágrima, de saudade.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Nada melhor que um choque de realidade para nos fazer perceber o quão idiotas somos quando estamos apaixonados, e depois do balde de água fria acordamos e percebemos que quase nada daquilo valeu à pena. Depois dos meus "afazeres diários" fiquei meio desorientada - mais do que de costume, -  e foi exatamente nesse instante que senti falta de uma companhia para uma boa conversa. Mesmo querendo não se importar eu me importo e esse meu altruísmo sem fundamentos me faz torçer pela felicidade alheia, mesmo que não seja a minha.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Qual é o seu número favorito?

Bem, o meu costumava ser cinco, mas com o tempo veio-me a vontade de ser apenas um, o que, de certa forma me deixa livre para adicionar, subtrair, multiplicar.
Posso me juntar a você e, seremos assim o que quisermos. 1 + 1 pode ser 2, 3, pode ser mil. Podemos ser Romeu e Julieta ou contraditoriamente Jesus e Maria Madalena. Dois, número par realmente atraente que transparece apoio, confiança, presença. Pode ser dia ou noite; céu e mar. Tecnicamente, é uma deixa para uma companhia. Dois podem ser quatro pernas, quatro mãos e um caminho. É desejo, paixão, amor, são os sete pecados ao mesmo tempo, é mistura, sorrisos, histórias; dois é união e separação.
Somos o começo e o final, e entre nós há milhões, há crianças e adultos, beijos, jazz, poesia, há todo mundo e não há ninguém.
"Um mais um é sempre, sempre o que a gente quiser"
                                                                                                           R.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Quero ser protegida, acho que mereço um pouco de luxo também. Quero que me leve sobre suas asas, cortando o vento, rompendo as barreiras de tudo e superando todos os animais que possam voar, quero ouvir as batidas graciosas de tuas asas enquanto fugimos de nós mesmos até que possamos nos perder e ter apenas um ao outro em algum lugar ou em lugar algum.
                                                                                                                  R.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

21: 45

Preparei tudo para recebê-la, comprei flores, velas, reservei uma garrafa de um dos meus melhores vinhos, escolhi algumas músicas boas para que pudéssemos dançar um pouco. Tudo estava pronto, seria o nosso aniversário de oito anos de namoro.

21:52

Enquanto a esperava servi-me com uma dose generosa de uísque com gelo, acendi um cigarro e fui à varanda observar o mar, foi nesse instante que me veio toda a nossa história. Nos conhecemos assim que terminei a faculdade, ela é um ano mais velha e cantava nos bares à noite e eu um médico recém formado. Éramos aparentemente opostos, tinha cabelos longos e olhos negros, sorriso polido e um ar sério; enquanto eu era meio loiro, de olhos claros e engraçado - vale lembrar que nos conhecemos em um bar que ela trabalhava - .

Nos conhecemos, saímos algumas vezes, bebemos e acordamos juntos, no meio disso tudo falamos sobre músicas, livros, lugares e no fim chegávamos ao "nós". Começamos a namorar, ela veio morar comigo logo após abrir meu próprio consultório e cá estamos nós desde então. Acendi outro cigarro e me questionei porquê ela andava meio estranha e mais próxima do que deveria de seu ex companheiro de trabalho, ainda cheguei a perguntar:
"Somos amigos, meu bem. Não há nada para se preocupar" - Garantiu-me.

22:17

Saí de meus devaneios quando a vi chegar, apaguei meu cigarro e fui esperá-la no elevador. Seu nome é Victoria, era a mulher da minha vida, acabou se tornando uma obsessão, faria o que fosse preciso para tê-la ao meu lado. Tudo mesmo. E o elevador veio subindo para o décimo quinto andar, as portas se abriram e meu mundo acabou. Ali, diante de mim eles se beijavam apaixonadamente, então ela me viu, baixei a cabeça e saí em silêncio. O caminho de volta ao apartamento parecia interminável, Vick correu atrás de mim com os olhos encharcados pedindo-me desculpas enquanto eu destruia tudo que havia feito para nós, atirei as flores vermelhas pela janela, abri o vinho, tomei alguns goles e andei em direção do escritório ainda com Victoria atrás de mim tentando me convencer que aquilo tudo era loucura. 

22:26

Abri a porta do escritório com um soco, andei em direção à escrivaninha e abri a segunda gaveta da esquerda, Vick parada à porta me observava. Tateei, peguei o revólver e coloquei-o em direção do peito, suspirei e fiz o desparo, o barulho quase ensurdecedor a assustou, caí enquanto o sangue se espalhava pelo chão. Ela correu em minha direção e eu a acompanhei com os olhos. Deixou escapar um "eu te amo" e arrematou a arma de minhas mãos, ouvi um outro disparo e logo em seguida um corpo se juntando ao meu, antes de perder completamente os sentidos ouvi um suspiro que não era meu. Apenas um.
Tudo havia acabado.

                                                                                                                    R.

sábado, 19 de fevereiro de 2011


Sentou-se de frente para mim há mais ou menos meia hora e durante esse tempo eu a observei.
Graciosamente abriu um livro, pousou-o sob suas pernas e começou a ler sem se preocupar com nada, esquecendo do mundo adentrou naquele universo. Olhei ao meu redor e não havia mais ninguém além de nós e algumas crianças brincando, voltei-me para ela novamente. Especulei qual seria seu nome e o título do livro que lia, pensei em perguntar, mas ela concerteza ficaria assustada se um homem de meia idade e cabelos grisalhos se aproximasse dela e fizesse tais perguntas. 

Recostei-me no banco da praça e voltei a ler o meu jornal semanal, embora olhá-la parecia bem mais interessante. Baixei um pouco o jornal para poder fazê-lo e ela me encantou ainda mais. Parecia tão encantadora quanto uma boneca de porcelana daquelas que a gente não pega com medo que ela se desfaça. Tinha cabelos castanho claro que caíam sobre os ombros, pele branca e lábios rosados, estava sentada com a perna direita levemente pousada sobre a esquerda. Embora sua beleza física tenha me chamado atenção não foi só isso que me encantou, já a vira outras vezes sentada naquele mesmo banco, sempre com um livro. 

A vontade de ter um contato mais direto fez nascer um tipo de paixão platônica, eu a queria, a desejava mesmo sem saber seu nome, ela me fez perceber que naqueles momentos a experiência não existe, as minhas defesas caíram desde que a vi, deixei que alguém aparentemente quinze anos mais nova que eu me dominasse sem que soubesse. 

Os dias foram passando e continuei indo ao parque, com o mesmo jornal e a mesma vontade de revê-la. Mas ela não apareceu mais, desde o dia que resolvi perguntar-lhe seu nome. A minha garota do parque chama-se Alice.

                                                                                                   R.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011


Um rosto estranho me fitava nos olhos tentando descobrir algum segredo ou alguma maneira de me intimidar, tinha cabelos avermelhados que desciam pelos ombros, dando-lhe um contraste quase bonito, olhos castanhos, lábios finos e bochechas rosadas.

Era uma face meiga, com ar infantil, mas carregava uma expressão triste nos olhos, quase desesperada, como se pedisse socorro. O vento bagunçou-lhe os cabelos perfeitamente penteados e ela pareceu não se importar com isso, continuou petrificada diante de mim.

Pensei em sorrir, tentando fazer a pobre criança repetir o gesto, levantei a mão e ela fez o mesmo até que pudéssemos nos tocar. Recuamos ao mesmo tempo. Desviei meu olhar dela durante um segundo e quando voltei a olhar ela fazia o mesmo. De certa forma, aquilo não era eu, era como se fosse a criança do que serei tentando me proteger do que sou. Ou talvez apenas o meu reflexo no espelho.

                                                                                                                         R.
Foi naquele instante que me arrependi de tudo.
De todas as ligações, conversas, de todas as noites, de todas as vezes que chorei, do sofrimento, da saudade, dos beijos, das frases mais bonitas, das risadas, de todas as linhas que foram escritas com tanto carinho, dos abraços e afagos, dos surtos, de todas aquelas músicas, da alegria, gratidão, do amor e do ódio, das madrugadas em claro.

Arrependo-me de ter cedido tão fácil um sentimento único, de ter compactuado e cedido certas coisas, de ficar em silêncio quando quis gritar, das promessas. Me arrependi de não ter desistido antes, de ter rasgado todas aquelas folhas em vão.

De beber e de não ter bebido mais, de todas as vezes que acreditei em você, de ter sido boa demais pra todo mundo e nunca ser boa o suficiente, de ter acreditado que isso daria certo, me arrependo das fotos e dos últimos doze meses, daquela viagem e de todos os pedidos feitos para estrelas cadentes, do tempo perdido e de todas as mudanças, me arrependo de ter aberto mão da minha vida, de tentar enxergar um alguém que só eu achava que existia, das declarações e dos suspiros, da ingenuidade, perseverança e inocência, dos sonhos e esperanças, das atitudes por impulso e de sempre se importar com quem sequer lembra que eu existo.

Me arrependo do altruísmo, futilidade, luxúria, de agradecer, de não desprezar, de esperar, de me deixar transparecer, de sorrir, corresponder, lembrar e de tentar esquecer, da superação, de tentar sentir ódio e desprezo, dos desabafos, da ignorância, de viver a mercê de alguém que há muito não vive por mim.

Dos rascunhos e das falsas esperanças, do apego, desprendimento e do ciúme, da humildade, carisma, da afeição. Da trilha sonora, do caderno, da covardia e, por fim me arrependo das últimas vinte e três linhas.
                                                                                                                                                                                                                            R .

domingo, 30 de janeiro de 2011

A pior mentira da minha vida seria dizer que não sinto saudades, que não quero mais te ver, que não gosto de você. Seria torturante, estaria sendo auto-negligente se tentasse recomeçar sem dizer isso olhando nos teus olhos, se te desse as costas sem que você pudesse fazer alguma coisa. Estive voltando a ter recaídas esses dias, sem deixar transparecer sofri em silêncio, o mais isolada possível, depois de todos esses meses eu quis o teu abraço, a tua atenção.

 Sofri e você nem soube, tive ataques de raiva, mas era apenas uma máscara, chorei por essa outra face, quis fugir ao teu encontro com um nó na garganta e os olhos se afogando em lágrimas, porque só você sabe o que fazer pra tudo isso acabar, porque só um sinal da tua presença faz a máscara cair levando consigo as lágrimas e deixando o sorriso.

                                                         R.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Mesmo que eu queira acreditar não poderia, o tempo passa, as feridas se fecham e outras se abrem, vem a experiência, a convivência e o desejo de fazer diferente. Os dias passam e a vontade de fazer tudo acontecer de novo vem à tona, mesmo que seja doloroso, impiedoso, cruel e tudo o mais. Mesmo que faça chorar, desistir, recomeçar.


A verdade é que a vida ensina, mas a gente nunca aprende e vai tentando, tentando, quebrando a cara por pura inocência ao pensar que dessa vez vai ser diferente e dará certo, e no final acabamos com um pote de sorvete em frente da televisão, ou ouvindo aquelas musicas que nos fazem lembrar do que achamos que queremos esquecer. E tudo acontece de novo, num ciclo.


 E de tanto a gente temer acaba acontecendo. Vivemos à mercer de outra pessoa, esperando um suspiro alheio para que os nossos pulmões possam funcionar, esperando que outra pessoa fique feliz para podermos sorrir, esperando que outra pessoa ame para podermos viver. Acordamos cada manhã com o pensamento em uma outra pessoa, nos envenenando com o nosso próprio altruísmo, deixando de viver por nós mesmos, viver esperando que outra pessoa viva, até que chegue o momento de outra pessoa viver para nós. 


Em cada fase um alguém, em cada alguém uma esperança natimorta e em cada esperança a certeza que isso não se repetirá, a cada lágrima um pouco de ódio que se esvanece com apenas a teoria de que nada do que aconteceu é verdade e a ilusão de que a dor não existe, que é opcional, mas não é verdade. Ela está ali, esperando, procurando e fazendo planos para uma outra vítima.


                                                               R.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Quero que me conte o seu segredo e que minta para mim, quero que me leve e que me deixe, quero que me ame e que me odeie, quero que leve uma foto minha e que queime todas as nossas lembranças, quero que me dê flores e também me dê as costas, quero que leve meu café na cama e que me mande ir embora. Quero tudo aquilo que puder ter ou tudo que mereço.


Quero lágrimas e sorrisos, dores e curas, beijos e abraços, quero um "oi", mas nunca um "Adeus", quero o hoje e o amanhã, quero o ontem, quero a vida e a morte, o amor e o ódio, quero dançar nas nuvens e também na beira de um abismo, quero que me poupe de todo um sofrimento ou não, quero fogo e gelo, quero que me mate e que me faça viver, quero que me dê e que me negue, quero que segure a minha mão e que me deixe cair. Quero o lado que eu enchergo e o que você realmente é.

                                                                                   R.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Foi como um balde de água fria. Inevitavelmente previsto, cada palavra, cada movimento e cada expressão, em relação a você estou sempre um passo à frente e alguns segundos mais adiantada. Não é preciso gastar tempo com explicações, motivos e razões, simplesmente não acredito mais em nada, tudo isso é pirataria, não é mais aquele clichê bonitinho de antes, agora é só sem graça.


Digamos que mudei do clássico para o personalizado. desisti dos amigos verdadeiros que não existem, dos momentos perfeitamente forjados e dos amores de uma vida que duram duas semanas. Desisti do que me fazia bem, mas que me fazia mais mal sem que eu percebesse, ou até mesmo por medo de não conseguir viver sem aquilo. 


Agora eu vivo um pouco melhor sem isso, sem essa incerteza complexa, está bom dessa forma. Mas se eu pudesse voltar no tempo faria tudo de novo, mesmo com tanto sofrimento e tantas outras lágrimas que poderiam ter sido poupadas.

                                                                                    R.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Deitei tentando dormir esperando conseguir, mas quanto mais eu fechava os olhos mais queria que você estivesse comigo, me protegendo do escuro, quanto mais me agarrava ao travesseiro esperava me enlaçar nos teus braços, mas a única coisa que encontrei foi o vazio. Permaneci assim por algum tempo, abraçei a minha pelúcia e fiquei olhando para o nada no meio da madrugada, no escuro que tanto me amedronta.


Até que desisti de tentar dormir e me entreguei àquilo, me deixei levar pelos meus medos e chorei baixinho, quase sussurrando para não acordar ninguém, pensei em te ligar, eu realmente quis, mas não pude.Estremeci de frio como se o sangue ouvesse parado de correr, congelado dentro de mim e mesmo assim o meu coração batia desesperadamente, ao mesmo tempo fiquei sem ar, há muito tempo pensar em você não me deixava assim. 


Com os fones no ouvido escutei todas aquelas músicas que me faziam lembrar de você, fui na cozinha e tomei um copo d'água, sentei no chão e pude sentir que você estava ao meu lado em silêncio esperando que eu falasse alguma coisa, bem que tentei mas meus pulmões não reagiram e percebi que a sua lembrança ainda me fazia perder o ar e o controle das minhas emoções, o que me fez sorrir no meio da madrugada para um alguém imaginário que também sorria pra mim.


Levantei e abri uma janela para observar o céu e ele estava lindo, a lua ainda estava cheia mesmo estando no meio dele. As estrelas brilhavam como nunca. Esperei amanhecer para ter certeza de que tudo isso havia acontecido. No fim, mesmo depois de muito tempo você ainda me faz perder o sono.

                                                                                                                         R.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Então vi aqueles grandes olhos castanhos por trás de uma armação grossa e cor de lôdo me observando pelo retrovisor enquanto eu deslizava pelos lábios um batom vermelho vivo dando um pouco de alegria ao meu rosto pálido, depois de alguns segundos fiquei imóvel retribuindo o olhar através do espelho até que ele se desviasse de mim e desse atenção apenas para a estrada.


Retoquei mais uma vez o batom e o vi sorrindo com olhos de um louco sedento enquanto eu acendia um cigarro e marcava-o quando pressionava dentre os lábios, deixando uma marca cor de sangue. Desci do carro e fui embora levando o mesmo batom e o mesmo olhar de um outro cara, mais um cara.


E eu andei sozinha, procurando o meu caminho e um alguém que não me olhasse daquele jeito, que me visse de dentro pra fora, alguém que vê a minha alma ao envés do meu rosto. Procurando conteúdo sem embalagens, procurando olhos saciados.
                                                                     
                                                                                                                           R.

sábado, 1 de janeiro de 2011

31 de dezembro, meia noite e começaram os fogos no céu. Fiquei imóvel, com os saltos enterrados na areia, olhando para cima e contemplando todas aquelas cores explodirem sobre a minha cabeça. Foi lindo. A cidade quase toda estava lá, mas a minha visão era focada apenas para o céu. Eu estava sozinha com o lago e todos aqueles fogos. Me senti tão sozinha, tão distante das outras pessoas durante quinze minutos, e gostei muito disso, foi a primeira vez que não precisei ter alguém ao meu lado me chamando de amor e desejando feliz ano novo no meu ouvido e segurando a minha mão. Acredite, eu passaria toda a eternidade olhando aquilo. Chega a ser até magico se for visto de outra perspectiva, com a alegria de uma criança sorri por estar ali, por dar o primeiro passo para mais uma década.
É 2011 e só tenho o melhor a desejar para todos e para mim também. Feliz Ano Novo!