sábado, 19 de fevereiro de 2011


Sentou-se de frente para mim há mais ou menos meia hora e durante esse tempo eu a observei.
Graciosamente abriu um livro, pousou-o sob suas pernas e começou a ler sem se preocupar com nada, esquecendo do mundo adentrou naquele universo. Olhei ao meu redor e não havia mais ninguém além de nós e algumas crianças brincando, voltei-me para ela novamente. Especulei qual seria seu nome e o título do livro que lia, pensei em perguntar, mas ela concerteza ficaria assustada se um homem de meia idade e cabelos grisalhos se aproximasse dela e fizesse tais perguntas. 

Recostei-me no banco da praça e voltei a ler o meu jornal semanal, embora olhá-la parecia bem mais interessante. Baixei um pouco o jornal para poder fazê-lo e ela me encantou ainda mais. Parecia tão encantadora quanto uma boneca de porcelana daquelas que a gente não pega com medo que ela se desfaça. Tinha cabelos castanho claro que caíam sobre os ombros, pele branca e lábios rosados, estava sentada com a perna direita levemente pousada sobre a esquerda. Embora sua beleza física tenha me chamado atenção não foi só isso que me encantou, já a vira outras vezes sentada naquele mesmo banco, sempre com um livro. 

A vontade de ter um contato mais direto fez nascer um tipo de paixão platônica, eu a queria, a desejava mesmo sem saber seu nome, ela me fez perceber que naqueles momentos a experiência não existe, as minhas defesas caíram desde que a vi, deixei que alguém aparentemente quinze anos mais nova que eu me dominasse sem que soubesse. 

Os dias foram passando e continuei indo ao parque, com o mesmo jornal e a mesma vontade de revê-la. Mas ela não apareceu mais, desde o dia que resolvi perguntar-lhe seu nome. A minha garota do parque chama-se Alice.

                                                                                                   R.

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