sexta-feira, 11 de março de 2011

Acordei depois das onze, é sabado.
O sol se esconde por trás de pesadas nuvens azuis que ameaçavam deixar cair um temporal sem fim.
Passei pela mesa da sala de jantar, estava posta, a comida estava sobre o fogão mas eu não quis comer, andei em direção da sala, peguei um cigarro e um isqueiro, acendi-o.  Olhei em volta mas nada parecia ter muito sentido, imaginei-nos brincando, correndo, se abraçando a alguns passosde onde eu estava.
Caminhei para trás e a cena foi se desfazendo diante dos meus olhos até não existir mais nada. Virei de costas, olhei para baixo por um segundo e sorri. Nesse instante um vento frio soprou na minha nuca, eriçando os cabelos e deixando ao meu redor o cheiro da chuva que vinha de longe, fechei os olhos e inalei grosseiramente aquele aroma que te trazia para perto de mim, joguei o cigarro fora.
O frio invadia toda a casa, entrando pelas janelas e portas abertas, o que me fez voltar à cozinha. Tirei de dentro de um armário uma taça e uma garrafa pequena de um dos vinhos que comprei em uma das minhas viagens. Abri a garrafa e derramei um pouco de seu líquido na taça, depois do primeiro gole a chuva começou a cair, refiz meu percurso em direção da sala de estar, observei minuciosamente cada detalhe e continuei a caminhar lentamente dentro de casa. Passo após passo, sem pressa.
Finalmente cheguei à porta da entrada, recostei-me na parte externa, onde o vidro estava completamente molhada. Naquele segundo pensei no que você estava fazendo. Eu te queria comigo, dividindo o vinho e a chuva. Olhei para o céu que chorava e acompanhei-o deixando cair pelo meu rosto uma lágrima, de saudade.

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