sábado, 29 de janeiro de 2011

Mesmo que eu queira acreditar não poderia, o tempo passa, as feridas se fecham e outras se abrem, vem a experiência, a convivência e o desejo de fazer diferente. Os dias passam e a vontade de fazer tudo acontecer de novo vem à tona, mesmo que seja doloroso, impiedoso, cruel e tudo o mais. Mesmo que faça chorar, desistir, recomeçar.


A verdade é que a vida ensina, mas a gente nunca aprende e vai tentando, tentando, quebrando a cara por pura inocência ao pensar que dessa vez vai ser diferente e dará certo, e no final acabamos com um pote de sorvete em frente da televisão, ou ouvindo aquelas musicas que nos fazem lembrar do que achamos que queremos esquecer. E tudo acontece de novo, num ciclo.


 E de tanto a gente temer acaba acontecendo. Vivemos à mercer de outra pessoa, esperando um suspiro alheio para que os nossos pulmões possam funcionar, esperando que outra pessoa fique feliz para podermos sorrir, esperando que outra pessoa ame para podermos viver. Acordamos cada manhã com o pensamento em uma outra pessoa, nos envenenando com o nosso próprio altruísmo, deixando de viver por nós mesmos, viver esperando que outra pessoa viva, até que chegue o momento de outra pessoa viver para nós. 


Em cada fase um alguém, em cada alguém uma esperança natimorta e em cada esperança a certeza que isso não se repetirá, a cada lágrima um pouco de ódio que se esvanece com apenas a teoria de que nada do que aconteceu é verdade e a ilusão de que a dor não existe, que é opcional, mas não é verdade. Ela está ali, esperando, procurando e fazendo planos para uma outra vítima.


                                                               R.

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